sábado, 11 de maio de 2013

Fiado so amanha


FIADO SÓ AMANHÃ

No início dos anos 60, havia um comerciante muito dedicado em seus negócios. Seu objetivo era juntar muito dinheiro para ter uma boa aposentadoria e finalmente poder viver seu grande sonho, que era simplesmente ficar tranquilo e poder ser feliz. O comerciante trabalhava muito duro, esperando que um dia pudesse ter o capital necessário a fim de se tornar um homem tranquilo e feliz.

Seu negócio era um dos maiores da cidade. Por esse motivo, um público bem numeroso vinha fazer compras em seu estabelecimento. Algumas pessoas começaram a pedir que ele vendesse fiado, mas o homem sempre se recusara a trabalhar desta forma. Para deixar bem clara sua recusa de vender fiado, o comerciante colocava uma placa bem grande na porta do estabelecimento, que dizia em letras garrafais: “Fiado só amanhã”.

Se um homem entrasse em seu comércio com a intenção de comprar fiado, o comerciante apontava para a placa e dizia: “Não adianta insistir, fiado só amanhã”. No dia seguinte, o mesmo homem chegava e encontrava a mesma placa com os dizeres: “Fiado só amanhã”. O comerciante se divertia com aquela situação. Qualquer espertinho que quisesse ficar devendo, ele rapidamente mostrava a placa e dizia que “Fiado apenas amanhã”, e o amanhã nunca chegava, pois qualquer dia que alguém quisesse comprar fiado, sempre estava lá a placa indicando que o fiado só poderia ser concedido “amanhã”.

Com essa estratégia, o comerciante ganhava cada vez mais, e estava confiante que, assim que juntasse mais dinheiro, poderia finalmente se tornar um homem feliz no futuro.

Certo dia, surgiu no estabelecimento um monge mendicante, que fazia voto de pobreza, e por isso não possuía dinheiro. O monge entrou no comércio, e pediu ao homem lhe desse algo de comer, pois estava com fome. O comerciante imediatamente mostrou sua famosa placa “Fiado só amanhã”. No entanto, o comerciante percebeu que o monge era um homem bem simples e humilde, e não era como os outros malandros que sempre vinham lhe pedir fiado. Então resolveu explicar o motivo de não fazer concessões a ninguém:

- Sabe senhor, disse o comerciante, tenho essa dedicação em meus negócios, pois meu grande sonho é poder juntar dinheiro, e com isso finalmente me tornar uma pessoa feliz no futuro. Esse é meu grande objetivo de vida. Assim que eu tiver mais dinheiro, poderei largar tudo e abraçar a felicidade daqui a alguns anos. Não acha um bom plano?

O monge, com sua simplicidade, olhou para a placa escrito “Fiado só amanhã”. Pensou por um momento, e respondeu:

- É um plano que dificilmente dará certo, pois a sua felicidade é como esta placa na parede.

O comerciante ficou sem entender o que o monge dizia, mas este explicou:

- Todas as pessoas que chegam aqui e lhe pedem fiado, encontram os dizeres “Fiado só amanha”. Essa brincadeira encerra uma grande verdade sobre a vida humana. Ela indica que o dia de amanhã, assim como o nosso futuro, nunca chegará, pois quando pensamos no amanhã, ele será sempre o amanhã e nunca o agora. Por isso que seus clientes nunca conseguem pedir fiado, pois nunca conseguem atingir o amanhã, o futuro, pois o futuro nada mais é do que uma expectativa que temos, que é inalcançável. O mesmo ocorre com a sua busca pela felicidade. Ninguém pode ser feliz esperando que sua felicidade se realize no futuro, simplesmente por que o futuro não existe, é algo inatingível. Isso significa que, ou uma pessoa decide ser feliz agora, ou jamais será feliz no futuro. E isso ocorre pelo simples fato de que a felicidade é uma escolha, um estado de espírito, e não um conjunto de condições que se concretizarão em algum momento. A felicidade só é possível no presente, ela jamais existirá no futuro. Crie agora a sua felicidade, senão, quando chegar o amanhã, sua felicidade ainda estará no amanhã, e não no agora.

Autor: Hugo Lapa

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